31 - Bordados Brasileiros-Brasilian Dimensional Embroidery
Bordados,  Tutoriais

Bordados Brasileiros-Brasilian Dimensional Embroidery

Faz bem pouco tempo que conheço as linhas Varicôr. Comecei a bordar em 2012 com amigas no Facebook.

Iniciamos com o ponto atrás com o trabalho  A Quilteirinha e depois já nos aventuramos no Bem-Vindo, inspiradas em Christel Elbaz. 

Ao mesmo tempo que iniciamos nas Oficinas com Sávia Dumont e Maria Helena Diniz, fomos nos abrindo para novos pontos, novos tipos de bordados.

Criamos até um Caderno de Pontos de bordados que tem auxiliado muitas colegas que chegam para aprender. Disponível no blog-https://patchaula.blogspot.com/p/caderno-de-bordados.html

Foi então que um belo dia deparo com imagens de um lote quase completo de linhas Varicôr, postado no Facebook por Astrid Nogueira.

Iniciamos amizade e demos inicio a busca pelo resgate da história e imagens das linhas brasileiras que tanto sucesso fizeram .

Nesta busca vejo pela primeira vez o termo BORDADOS BRASILEIROS e sem entender bem o motivo, somente ao localizar as postagens de Rosalie Wakefield e as linhas Edmar Co as informações foram se cruzando.

Estou iniciando as pesquisas, mas já tenho algumas imagens e informações que trazem uma pequena luz ao que buscamos.

Em seu blog, Rosalie nos informa que os Bordados dimensionais brasileiros ficaram conhecidos por usarem os fios rayon tingidos à mão, com certeza está falando da fabrica Varicor no estado do Rio de Janeiro.

Com o fechamento da fabrica, novas fabricações apareceram no Exterior.

Foram  as marcas Star, Divino, DYE-Pot, Rajmahal, Marlitt ,  e hoje Edmar.

Os Bordados Brasileiros cresceram popularmente com os pontos dimensionais, passando-se o conhecimento rapidamente através de grupos formados para este fim.

Aqui no Brasil, nossas mães, tias, e avós contam sobre estes grupos, e foram tão fortes que se espalharam também no exterior.

Nos  EUA,  Virginia Chapman entendendo a demanda, inicia seminários para este fim. Ela fundou o Brasileiro Dimensional Bordado Internacional Guild ha 20 anos atrás. Seu sonho foi uma aliança onde todos pudessem conhecer, aprender e partilhar ideias.

Escreve Rosalie:

As cores vibrantes e desenvolvimento de pontos tridimensionais alimentou a crescente popularidade do bordado brasileiro.

Aqueles que aprenderam os pontos básicos ensinou os outros e logo parecia que todos queriam saber como produzir este belo bordado.

Portanto amigas quando se depararem com este termo BORDADOS BRASILEIROS já sabem onde está a origem.

Só podemos nos orgulhar de uma marca como esta, até os dias atuais consegue mostrar sua força e singularidade.

Informações extraídas do blog de Rosalie:  http://rosaliewakefield-millefiori.blogspot.com/search/label/Brazillian%20Embroidery%20Guild%20%28BDEIG%29

As linhas Edmar Co. são fabricadas nos EUA por brasileiros.

Elas lembram muito as linhas Varicôr, porém o efeito e textura é diferente.

Somente quando se trabalha com as duas se percebe a diferença.

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www.jdr-be.com/edmar-disigns

Existe no meio dos bordados alguma resistência quanto ao uso das linhas feitas com fios de nylon chamadas de Rayon, , mas com a pratica observamos que o resultado supera qualquer barreira.

Cada linha tem uma torção, cada tipo tem um número de fios e cada fabricante finaliza sua meada de uma forma, entregando ao mercado um produto embalado de forma diferente.

Esta forma de embalar muda o efeito da linha, por isto antes de abrir uma meada e usa-la, é preciso tratar o fio.

Cada tipo de linha foi idealizada para proporcionar uma textura, por isto pede um ponto especial onde sua beleza se revelará plenamente.

Por exemplo, um fio mais encorpado, pede um ponto onde o volume e a torção se combinam na tensão certa.

Um bordado no enxoval do bebê, pede uma linha mais fina, delicada, onde os pontos serão escolhidos para dar leveza sem volume, e onde as cores claras oferecerão a combinação desejada.

A criação de um ponto para cada tipo de linha não é exagero, funciona mesmo.

Pessoas “expert” como  Madame Maia (Linhas Varicôr) Rosalie Wakenfield, Virginia Chapman e tantas outras  especialistas em bordados, ensinam o uso correto dos fios, de forma a não torcê-lo demais ou usar de forma exagerada sua tensão.

As 5 imagens logo a seguir são de trabalho feito por mim em 2014, com linhas Varicôr.

Escolhendo pontos tridimensionais, fizemos 9 cestas para representar a beleza destas linhas nos dias atuais.

Exponho aqui só alguns detalhes da minha cesta para não alongar mais o assunto já descrito.

Estes cravos feitos com linha Luinha mesclada rosa claro. O efeito foi excelente.

Podemos hoje afirmar que as Linhas Varicôr nasceram para estes pontos incríveis, por isto que encantam aos olhos.

Linhas Varicôr Século XXI

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O objetivo desta postagem é trazer informações sobre características e uso das LINHAS VARICÔR.

Elas fizeram parte de nossa história. E continuam presentes nos dias de hoje.

Não vamos citar nomes nem datas, pois nosso objetivo é abordar a linha em si.

Os dados aqui apresentados foram levantados a partir de pesquisas com pessoas próximas que fizeram uso destas linhas, como nossas avós, mães ou conhecidas, atestando assim a veracidade das informações.

Esta Introdução não tem a pretensão de fazer propaganda, pois estamos a falar de um produto que não se fabrica mais.

Descreveremos o que conseguimos identificar de alguns produtos, usando o verbo no passado. Porém ao adentrarmos o emprego destas linhas nos pegamos usando o verbo no presente.

E isto ficou registrado como um atestado ao uso ainda atual destas linhas, mesmo sem tê-las mais disponíveis no mercado.

Onde se localizava a Fábrica e o que se fabricava.

A fábrica de Linhas Varicôr funcionou durante décadas na cidade de Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro.

Eram fabricadas diversas variedades de linhas. Desde as linhas de algodão às linhas de rayon, popularmente conhecidas como linhas “de seda”, mas na verdade eram confeccionadas em RAYON.

Havia ainda outros tipos de aviamentos: sianinhas, sutaches, lã, banlon, linhas para tricô e crochê .

O trabalho de pesquisa é árduo pois a fábrica fechou há muitos anos e não há mais nada no local e nem tampouco registros sobre isso.

Além das linhas para bordar, a Varicôr também fabricava linhas para tricô e crochê. Todas em rayon.

Variedades das Linhas Varicôr.

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ALELUIA:

É a linha clássica, tradicional e mais conhecida. De textura fina, perfeita para bordar roupinhas de bebê.

BOSSA NOVA:

Era uma linha moderna, mais encorpada.

Pelo próprio nome de batismo, foi criada nos tempos da Bossa-nova, ocasião em que houve uma verdadeira revolução no modo de vestir da juventude.

Logo veio o movimento Paz e Amor dos hippies, onde as roupas eram bordadas com cores alegres e coloridas.

Passando a exprimir este sentimento de vanguarda da época.

LUINHA:

Uma linha um pouquinho mais grossa que a ALELUIA.

Era uma linha que se adaptava a quase todos os tecidos, desde os mais finos até o mais encorpado.

O rococó fica perfeito na LUINHA e na ALELUIA, que são linhas mais finas e ao mesmo tempo “encorpadinhas”.

FILOSEL:

Era uma linha extremamente sedosa e finíssima.

Adequava-se melhor para bordados em cambraia de linho ou pequenos detalhes. Era uma linha rara de extremo bom gosto. Sutil.

CACHOPA:

Era uma linha com uma textura bem singela, que enriquecia o bordado e dava um certo volume.

Costumava-se usá-la para fazer folhagens com efeito “crespinhas” muito especial.

MADAME MAIA:

Era uma linha chiquérrima. Ela era composta de um cabo bem grosso formado por 4 fios de linha.

Podia ser usada individualmente, desfazendo o cabo e puxando o fio (exatamente como se faz com as linhas molinê de algodão com 6 fios).

Ela era especial e requeria um certo treino para usá-la sem estragar.

Como toda linha de seda, o emprego exige habilidade.

A coleção era linda, bem colorida.

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IMPERIAL:

Era uma linha de textura bem grossa do tipo bouclê , usada para fazer o bordado sobreposto, devendo ser trabalhada sobre o tecido sem penetrar nas fibras.

Parece difícil, mas é facílimo bordar com ela.

E além de tudo, seu rendimento é muito bom. Por ser grossa e texturizada, o bordado rende, cresce e aparece!

BOUCLÉLIN:

É que é uma linha de textura semelhante à Imperial, no entanto, bem mais fina.

FIO DE VERÃO:

Era uma linha bem grossa e sedosa, usada para fazer pétalas de flores diversas com brilho inigualável.

O volume é o seu ponto forte.

SISSI:

Era uma linha tipo “ráfia”, encorpada, e com textura “meio seca”, mas que dava um toque elegante às flores. Com um ponto especialmente criado para esta linha, podemos fazer lindos bordados.

A Varicôr possuía inúmeras variedades de linhas, não só em meadas como também em carretéis.

E também linhas em algodão puro.

Os bordados feitos com estas linhas trazem um resultado que ficou registrado em nossa memória.

Pontos foram desenvolvidos especialmente para estas diferentes espécies de linhas.

Cada linha traz uma textura e uma quantidade diferente de fios, portanto desenvolvem uma torção e desempenho diferentes.

Oficinas de Bordados

Para ensinar esta variedade de pontos, criou-se um sistema de “oficinas” que eram levadas até as cidades e ministrados em aulas práticas.

Desta forma o bordado se espalhou rapidamente, tornando-se quase uma “febre”.

Só para registrar, estamos falando dos anos 60.

Não havia quem não soubesse ou adquirisse um kit contendo linhas e risco com explicação para desenvolver o seu trabalho.

Hoje, olhando para o passado, podemos entender melhor como nasceu o conceito BORDADOS BRASILEIROS ou  Brazilian Embroidery no exterior.

Estes mesmos pontos “especiais” tornaram-se nossa marca, inovando a forma de criar com estas linhas.

Vejamos alguns trabalhos feitos na época, conservados em ótimo estado até os dias de hoje, comprovando a qualidade dos fios.

Os trabalhos acima foram realizados na época e cedidos para imagem agora por Dona Ivete de Oliveira Barros residente em Campinas.

As imagens abaixo são de um trabalho desenvolvido especialmente para o I SEMINÁRIO DE BORDADOS BRASILEIROS NA UNICAMP
Foram bordadas 9 cestas de flores com linhas Varicôr.
Provamos assim a qualidade destas linhas tanto em material quanto em resposta ao ponto empregado.
As peças foram assinadas, mas as dedicadas mãos que desenvolveram este trabalho no prazo record de um mês, merecem os créditos.
Professora Maria Cordeiro Grama, Astrid Nogueira, Dalva Conforto Segre, Dulcinea Dalio, Eliana Ferreira, Elivete Sampaio, Edméa Oliveira Ribeiro, Roseli Veroneze Becker e Silvana Vituriano Celiste.

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Acima, o trabalho pronto recebeu acabamento com borda em renda, e quilting em nó francês.

Instruções de Armazenamento e Manuseio das Linhas Varicôr.

As linhas para bordados da marca VARICÔR não estão mais disponíveis no mercado.

São linhas muito apreciadas até os dias de hoje e foram comercializadas em abundância há algumas décadas atrás.

Uma meada de linha Varicôr quando chega à nossas mãos nos dias de hoje, está com quase quarenta anos de idade, pois a fábrica encerrou suas atividades  a muito tempo.

Isso não a diminui, ao contrário, comprova a qualidade dela.

Porém alguns cuidados precisam ser observados para um melhor aproveitamento.

Passamos agora a oferecer Instruções de Uso

Estas linhas eram produzidas em uma grande variedade de fios, cores e ainda acompanhadas de riscos e explicações de pontos de bordados indicados para cada fio.

Eram linhas de Algodão ou Rayon com efeito acetinado, cores vibrantes e resultado admirável.

Alguns bordados, ou relíquias que garimpamos e trazemos para sua apreciação.

Essas peças, acima, foram feitas por Ivete Barros que reside no Rio de Janeiro.

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Já neste trabalho acima, um projeto Edmar Co, Realizei usando Linhas Varicôr ao invés de linhas Edmar.

O resultado você mesma pode observar no brilho e delicadeza do ponto.

 Cuidados e armazenamento.

As Linhas Varicôr que dispomos no mercado, são linhas que restaram guardadas em algum armarinho e estão estocadas já há algum tempo.

Elas precisam de cuidados especiais antes de iniciarmos o uso.

1- Lavagem

Devem ser lavadas delicadamente, sem esfregar, apenas mergulhando em água limpa e sabão neutro, depois  enxaguamos com uma gota apenas de amaciante.

Após isso, devemos secar com toalha felpuda e pendura-las à sombra. As Linhas Varicôr NUNCA soltam tinta, mas estes cuidados garantem um bom resultado.

A lavagem é indicada para retirar o pó que o tempo depositou, isso a torna macia novamente. Mesmo ao lavar as meadas, não devemos retirar os selos. Eles protegerão mais se continuarem na meada durante a lavagem.

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É assim que uma meada de Linha Varicôr chega em nossas mãos. Ela possui um selo em papel alumínio Prateado e um selo separador em papel comum.

Abaixo teremos Instruções que preparam a meada já limpa, para uso.

2- Soltar o nó

Devemos soltar o nó para que ela fique mais livre neste processo.

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3- Soltar Selo metalizado

Podemos soltar o selo prateado da meada deixando-a mais livre, guarde este selo prateado. Retirado o selo a meada se alonga.

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O selo de papel deve ser deixado pois ele mantém a meada dividida.

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4- Para Retirar um fio.

O início da meada, que fica sob o selo metalizado, é onde temos o nó, também chamado de “FIEL” .

O Fiel é branco porque a meada foi presa por ele ao receber o tingimento.

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Não devemos cortar uma meada de Linhas Varicôr ao meio, ou enrolar em placas como fazemos com as linhas molinês.

Para usar esta linha, podemos escolher um fio, cortar a partir do nó,  solta-lo na volta toda e cortar do outro lado do mesmo fio, sem interferir no amarrado da meada.

Assim ela se conserva com o mesmo volume no Fiel até o final da meada, o que contribui para que seu formato não desmonte.

Temos assim um fio no tamanho certo para uso. 


TAMANHO DAS MEADAS 

Um fio de meada Varicôr tem o tamanho estudado para que seja usado sem se deformar. Sabemos que um fio de linha se desgasta ao passar pelo tecido. Aqui isso foi estudado, e desenvolveu-se um tamanho para cada tipo de linha.

Por isso as variadas linhas Varicôr possuem tamanhos diferentes. 

Podemos usar o fio todo, mas podemos também usar a metade dele  de  cada vez, depende do ponto que vamos empregar. Eu prefiro usar sempre fios curtos, seu rendimento pode ser menor, mas o resultado é melhor.

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Depois de retirar o fio para uso, podemos voltar o selinho para guardar a meada.

Obs. Aqui podemos observar outro tipo de selo.

Agora em papel claro plastificado. Ambos são Legítimos.

5- Como desamassar uma linha:

O ideal é soltar o nó e depois de retirado o selo, passar sua meada no vapor de uma chaleira.

Para isso precisamos ter muito cuidado em não queimar o fio com o calor do fogo ou do vapor em excesso.

Fiz um vídeo mostrando como faço este processo.

Vídeo no meu canal

6- Armazenar as Linhas Varicôr

Uma meada de linha Varicôr não deve ser enrolada, a melhor forma de armazenar é esta.

Em estojos especialmente preparados para elas, poderemos ter uma proteção apropriada que mantém os fios lisos e naturais.

O fio de linha, e isso vale para todas as marcas, não deve ser esticado, ele tem uma torção natural e própria para cada tipo de linha.

Podemos observar que algumas linhas são mais torcidas que outras, e isso é o que dá a elas características especiais para elaborar pontos diferentes.

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Assim você poderá confeccionar seu estojo usando feltro e papel celofane costurados na vertical, e pode ser utilizado como dupla face, formando canaletas dos dois lados, por onde poderá “entubar” suas linhas depois de preparadas para uso.

Eu costumo usar uma agulha de tricô para entrar com a meada, apoiando na etiqueta, que nunca deve ser descartada pois identifica a linha e apoia no estojo.

Assim encerramos nosso assunto com as Linhas Varicôr.

Esperamos que novos trabalhos tragam de volta mais imagens dando vida a estas saudosas linhas brasileiras que ainda possuem boa qualidade mesmo já se passando tantos ano.

GRATIDÃO!

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